sábado, 6 de junho de 2009

Bebê - Manual de funcionamento



Bebê - Manual de funcionamento

As mulheres, que era dever cívico deles participar. E como durante a gravidez a mulher é quem manda, lá estavam 17 casais dispostos a passar o sábado ouvindo palestras sobre bicos do peito rachados, icterícia, a melhor anestesia para o parto... No meio deles, eu. Não estou grávida. Nem tenho filhos. Mas quando recebi a proposta de participar do curso para dar minhas impressões, achei que, como trabalho em CRESCER, era meu dever cívico também. Tudo em nome da informação. Infelizmente, não consegui convencer meu marido a ir junto: ele acreditava que seria um programa de índio, e como eu não estou grávida...

Entrei no território como quem desbrava um mundo desconhecido, no qual falar de livros e discos é substituído por discussões sobre a melhor maneira de segurar a criança no banho. Logo no começo, descobri o que as bisavós sempre souberam: gravidez e parto são territórios femininos. Não tem jeito. O esforço de médicos e enfermeiras para inserir o homem no contexto e dar a ele uma tarefa à altura de sua posição é quase tocante. No parto humanizado, por exemplo, o marido corta o cordão umbilical. Cinco segundos para cortar o cordão, horas de trabalho de parto. Hummm. Alguém mais acha essa divisão um pouco desequilibrada? Parece prêmio de consolação: eu faço o serviço e você, hum, corta aquela cordinha no final. Os homens pareciam menos preocupados com o direito de participar e muito mais com o fato de haver SANGUE no cordão. Homem morre de medo de sangue. Como se tornam cirurgiões?

Os maridos pareciam achar que era um programa de índio

Muita conversa sobre anestesia e procedimentos do parto depois, chega a hora de tratar da amamentação. A enfermeira desmistifica procedimentos usados para preparar o seio. Só vale mesmo o banho de sol, com os seios de fora. Se os maridos não estavam achando graça em cortar o cordão, ou ter o carro molhado pelo líquido da bolsa, quando estoura, imagino o que pensaram dessa parte.

E se a mulher é quem carrega a criança, passa pelo parto e fica com os bicos rachados de amamentar, ela merece as atenções e os cuidados do marido. Uma professora de educação física ensina técnicas de massagem, todas voltadas para o bem-estar da mulher. Alguns maridos até protestaram, mas todos se empenharam em aprender. Bom mesmo se não fosse preciso estar grávida para ser paparicada assim...

Na aula de higiene, os casais ganharam uma boneca para aprender a trocar fralda, limpar, dar banho... Até eu, que nem casal era. Mas, enfim. É claro que afoguei a criatura algumas vezes ('Assim não! Não abaixa tanto a cabeça! Não joga tanta água na cara dela!', protesta Bruno, o fotógrafo) e enforquei a boneca tentando vestir o body. E olha, não fui a única. Pobres futuros bebês, pensei.

Treine com a boneca
Essa é, na verdade, uma das melhores razões pelas quais vale a pena fazer o curso: melhor afogar a boneca do que a criança. Tudo é um treinamento para uma função que nunca se exerceu antes, e que se aprende, afinal, fazendo. Sendo mãe, sendo pai. Terminada a experiência, fiquei com a impressão de que os maridos estavam certos: se você não é a grávida, um curso de gestante é um programa de índio. Mas, se você embarcou na viagem rumo ao desconhecido mundo das fraldas, é melhor estar preparado. E isso vale também para os pais, que podem e devem estar presentes da melhor maneira que conseguirem ao longo dos nove meses. Não só na hora de cortar o cordão.

Coisas que aprendi
Algumas mulheres entram em trabalho de parto sem romper a bolsa. O médico rompe depois, no hospital, com uma agulha parecida com as de tricô. Sorte dos maridos, que têm medo que o líquido suje os carros...

Os bebês já nascem sendo avaliados! O pediatra dá uma nota de 0 a 2, ao nascer e 5 minutos depois, para cada um dos itens: batimentos cardíacos, respiração, tônus muscular, reflexos e cor. É a chamada nota de Apgar. Se o bebê tirar 2 em tudo, a nota é 10. Uma nota acima de 7 é considerada boa.

Isolete é o nome da incubadora que recebe o prematuro que precisa de cuidados. Não é fofo?

A-po-ja-du-ra: não é nome indígena de rio. É só a descida do leite. Acho ótimo isso: de onde ele 'desce'?

http://revistacrescer.globo.com/Crescer/0%2C19125%2CEFC1625580-2334%2C00.html

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