esta aí ao lado sou eu. Este comigo no colo é meu pai. A saudade é enorme, adoraria que ele estivesse presente para conhecer a minha filha. Quem não sabe, ou não se lembra, ele faleceu 7 meses após o meu casamento. Foram anos de uma batalha contra enfisema pulmonar, doença progressiva, sem cura, que no caso dele decorreu de alguns maus anos de tabagismo.
A gente só dá importancia mesmo a pai e mae quando...vira um!!! é sério. Entender mesmo seus pais é uma tarefa que parecia tao turva na adolescencia (onde tudo é turvo, nao é mesmo?) mas a maternidade (ou paternidade) clareia de uma forma esplendorosa os nossos olhares.
Não vou enaltecer as grandes coisas que aprendi com meu pai, mas sim as pequenas, afinal, a gente nao rouba, não mata, isso é basico da educação. E o dia a dia?
- Meu pai abominava a mentira. A gente podia ter tacado fogo na casa (sim, eu era terrível alguem por favor me lembre de editar este post assim que minha filha aprender a ler) mas nada acontecia se você falasse a verdade. Agora, se mentisse...aaaaah se mentisse....
- Meu pai abominava o framengu. É, criar filho nos anos 80 não era fácil não, tais pensando que o framengu foi grande quando? solução para não ter um urubuzinho em casa - meu pai, psicologo nato , resolveu o problema. Você sabia que TODO menino de rua é alguém que tinha tudo, colégio, inglês, aula de música, piano, natação, tipo, assim como a gente tinha, mas que virou flamenguista. Pai nenhum gosta de menino flamenguista, daí, joga na rua. Pior de tudo é que eu me lembro de estar no carro, parado no sinal, vir um menino pedir dinheiro, e assim que o menino se afastava, meu pai soltava - estao vendo, voces não são flamenguistas e estão dentro do carro. Pergunta pro menino porque ele foi parar na rua...voces não imaginam a gargalhada que esta historia arranca lá no trabalho.
- nunca sair de chinelo na rua. Não sei porque, mas era regra...só saía de chinelo na praia...hoje arrisco uma rasteirinha.
- tirar boa nota não merece presente, é obrigaçao. Então, este mantra sagrado era repetido n, n³¹°°°°°°°°°° vezes lá em casa. Tá, a gente era bem caxias também, mas ele sempre falava que tirar boa nota nao era garantia de presentes caros, viagem a disney ou direito a ir ao show do Menudo (ao qual, diga-se de passagem, eu não fui, e anos de terapia não vão me recuperar desta perda irreparável). A lógica era simples - se vocês só estudam, não trabalham, não é mais do que obrigação passar de ano. A repetição, em contrapartida, era digna de uma pena duríssima - NÃO IR PARA A PRAIA. Vocês podem até não entender, mas morando em Brasilia, cuja praia mais próxima é a 1000, MIL quilômetros, não ir para a praia significava ficar em Brasilia em pleno janeiro. Todo mundo na praia, e você na chuvosa cidade (sim, janeiro chove, descobri isto no primeiro de muitos anos que fiquei aqui, quando fiz vestibular, e depois quando descobri que janeiro é alta temporada, melhor viajar em setembro). Era fácil de descobrir quem viajou e quem não viajou na volta as aulas - A COR da pele....quem foi ao mar, tava bronzeado. Quem ficou em Brasilia, estava amarelo ocre desbotado.
- mecânica básica. Entao, meu pai me ensinou a olhar nivel do óleo do carro, a calibrar pneu, trocar pneu, os nomes de algumas peças do carro, caso acontecesse alguma coisa para eu não ser enrolada. Outra coisa importante foi - CARRO DE MULHER TEM QUE ESTAR SEMPRE LIMPO, além de SEMPRE TER O TELEFONE DE UM REBOQUE JUNTO AO DOCUMENTO DO CARRO, para emergência. As vezes o reboque por fora é mais rapido do que o seguro.
- andar com algum dinheiro em cash, o mínimo que fosse para de onde estivesse, voltar para casa de taxi. Nunca precisei, mas é engraçado que até hoje sempre ando com algum escondido, para caso precise, ter como voltar pra casa. A gente tá tão acostumado com dinheiro de plástico,
- boiar. nao me pergunte porque, mas antes de nadar, ele ensinou todo mundo a boiar
estes sao os ensinamentos, pequenos, que meu pai passou....alguns que lembro agora.